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sábado, 26 de junho de 2021

O Vazio da Forma - Andrew Oliveira

Frey é um jovem artista deprimido, que após passar por uma diversidade de traumas na infância e adolescência, se vê com a chance de ouro de deixar sua cidade natal Praia de Pérola e estudar artes em uma renomadíssima escola no Porto das Oliveiras. Lá, conhece e se casa com Jacinto, um homem da burguesia de Porto. Juntos, adotam Lírio, que misteriosamente desaparece numa visita ao circo. Frey então começa uma jornada interna e externa para superar seus traumas não superados ou resolvidos, reencontrar sua filha e a si mesmo.

"O Vazio da Forma" é uma obra linda, profunda e emocionante. Andrew não poupou nada, nem a si mesmo, para escrevê-la. É possível captar muito do autor em Frey, principalmente de sua espiritualidade. Os cenários presentes e passados são lindamente descritos. Vez ou outra somos brindados com sutilezas e analogias, que são colocados aqui e ali, de forma despretensiosa, para deleite dos leitores mais atentos. O passado de Frey, sua família que deixou para trás, seus amigos e o acontecido em sua cidade natal (a grande onda) voltam constantemente para acalentá-lo ou atormentá-lo, Frey é tomado pela "sombra" e se vê novamente num buraco que parece fundo demais. O autor também brilhou ao inserir a religião de Frey como um elemento fundamental da narrativa, podendo ser considerada uma personagem da obra.

O personagem Jacinto, pessoalmente, foi o que mais me marcou. Ele não é uma pessoa deprimida, mas vive e ama uma pessoa deprimida. Jacinto aprendeu a lidar com a depressão de Frey, que não consegue captar a pureza e tamanho do sentimento que Jacinto tem por ele. Muitas vezes, Frey questiona o amor de Jacinto, achando que a qualquer momento ele irá deixá-lo por não aguentar mais viver ao lado de um deprimido. Mas Jacinto não vai, pois Jacinto ama Frey. E foi por meio de Jacinto que eu mesma comecei a ver o amor que as outras pessoas têm por mim de maneira diferente. Eu, que já tive depressão (e as vezes ainda tenho umas recaídas), sei o quão difícil é lidar comigo nesse estado e, assim como Frey, duvidava do amor das pessoas que insistiam em ficar ao meu lado. Mas Jacinto me fez ver que elas não estão comigo por pena, mas por amor.

O primeiro romance de Andrew Oliveira é uma obra pungente e delicada, que nos faz pensar e repensar a todo instante nossas próprias crenças e autolimitações. Que nos coloca dentro do corpo de Frey, tanto para as situações de alegria e prazer, quanto para as situações de dor e desespero, mas termina com uma mensagem linda de amor, perdão e reencontro consigo mesmo.

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