"O Espiritismo, a magia e as Sete Linhas de Umbanda", saiu em 2019 em uma nova edição revista e ampliada pelo selo Fundamentos de Axé, da Editora Aruanda. O livro original, datado de 1933, é um coletânea de artigos assinados por Leal de Souza lançados semanalmente no jornal Diário de Notícias da então capital federal, Rio de Janeiro. Com o objetivo de desmistificar as religiões chamadas espiritualistas, principalmente aquelas de origem africana, o livro funciona como um manual das religiões espiritualistas e um acervo histórico, mostrando como tais religiões, no começo do século XX, eram envoltas em lendas, difamações das mais diversas e constantemente vítimas de perseguições policiais e políticas sem qualquer embasamento. Infelizmente, essa realidade não se reverteu completamente e ainda hoje as religiões de matriz africana são perseguidas e confundidas com adorações ao mal.
Os artigos são apresentados primeiramente no seu formato original, por meio das fotos das páginas do jornal onde foram publicadas, seguidas pela sua transcrição comentada. Este cuidado de mostrar os jornais trouxe não somente uma inquestionável credibilidade, como um gostinho da história do Brasil. É possível passar horas lendo as demais notícias da capa e se questionando como era viver naquela época.
O livro bate na mesma tecla diversas vezes: a Umbanda é uma religião espiritualista que tem como princípios o amor ao próximo e a caridade. A comunicação com os espíritos é feita para ajudar tanto aqueles que já saíram deste plano e estão confusos com essa transição, quanto aqueles que continuam neste plano. Como qualquer atividade humana, seus princípios podem ser distorcidos e utilizados com objetivos escusos. Porém, jamais toda uma religião pode ser caracterizada pela prática de poucas pessoas mal intencionadas.
Além disso, somos presenteados com fantásticas contextualizações da mestre em História Social Nathália Fernandes, do doutor em comunicação Maurício Ribeiro da Silva e do bisneto do fundador da Umbanda (Zélio Fernandino de Moraes) Leonardo Cunha. Um banho de conhecimento. E o conhecimento é a maior arma contra a intolerância. Lembre-se: sempre que algo lhe causar estranheza, estude sobre o assunto.