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sábado, 26 de junho de 2021

Dom Casmurro - Machado de Assis

Bento Santiago, mais conhecido como Bentinho, cresceu vizinho à Maria Capitolina Pádua, ou Capitu. A famílias Santiago e Pádua sempre tiveram boa relação e, a relação de seus respectivos filhos aos poucos evoluiu de ingênuas brincadeiras de padres feitas por crianças católicas entediadas, até se descobrirem apaixonados na adolescência. Apesar de ambos serem muito queridos nas famílias alheias, havia um tremendo empecilho para esse amor florescer: Dona Glória havia prometido seu filho Bentinho ao seminário, após uma diversidade de gestações infrutíferas e, José Dias, amigo do falecido pai de Bentinho, começou uma verdadeira jornada para garantir que Bentinho e Dona Glória não descumprissem a promessa feita a Deus.

Sem poder mais evitar, Bentinho foi mandado ao seminário a muito contragosto e lá conheceu Ezequiel Escobar. Instantaneamente tornaram-se amicíssimos pois tinham muito em comum, principalmente o fato de não quererem ser padres. Distante de Capitu a maior parte do tempo, com raras visitas feitas aos finais de semana, Bentinho começou aos poucos a demonstrar ciúmes injustificados de sua amada, que vão desde um homem aleatório que passa de cavalo pela rua até cair numa espiral de loucura achando que está sendo traído por ela e Escobar ao mesmo tempo, afastando paulatinamente de si todas as pessoas que o amavam.

Eu nunca me importei em rever filmes ou reler livros. Creio que a cada vez que você revisita uma obra, ela se torna outra, pois você é outro. Dom Casmurro era um daqueles clássicos que eu precisava reler na fase adulta, para pegar outras nuances da narrativa. E, após ter morado no Rio de Janeiro por muitos anos na juventude, foi uma delícia passear pelos seus bairros no século XIX, captar e poder vivenciar um pouco do que era a então capital do Brasil, tão diferente do caos de hoje. 

Independentemente do roteiro, sempre achei a escrita de Machado maravilhosa e inspiradora. Mas tenho que confessar que Dom Casmurro não foi a minha obra preferida do autor. O primeiro ponto do desagrado é que dois terços do livro tratam do desenvolvimento do imbróglio do seminário, que foi resolvido em um simples parágrafo. A resolução para o impasse, ao meu ver, foi bem bizarra, um Deus Ex Machina muito do mambembe. Além disso, achei difícil gostar do narrador e protagonista, Bentinho. Achei um cara muito do chato e mimado, com sentimentos obsessivos. 

Não acho, de forma alguma, que tenha sido objetivo de Machado fazer a gente gostar de uma pessoa como Bentinho. Muito pelo contrário, acho que a intenção da história foi mostrar as possíveis consequências de ser uma pessoa tão chata e mimada quanto ele, mas utilizando do ponto de vista da pessoa desagradável. É... está aí mais uma prova de que Machado foi inovador, genial e provocativo de novo. Não falha nunca.

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