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domingo, 28 de março de 2021

O Cortiço - Aluísio Azevedo

De verdade, eu acredito que os livros tem seus momentos certos para serem lidos. Mas esse momento não é o mesmo para todas as pessoas, mas com certeza eu não acredito que o momento de ler isso seja no início da juventude.

Mas a grade curricular entende que devemos conhecer nossos grandes nomes da literatura, concordo. Porem... Será que conseguiremos entender porquê essas pessoas se tornaram grandes nomes? Talvez.

Peguei para ler O Cortiço, porque não conheço quem não tenha ouvido falar dessa obra em qualquer momento da vida, sem ler não tinha muito o que dizer. E bem, agora eu posso dizer que realmente é interessantíssima.

O mais assustador. Se fosse escrita hoje, continuaria atual e o é.

A história em si não tem nada de excepcional, acompanhamos a vidas de pessoas comuns em seu dia a dia simples e tentando sobreviver e viver.

Os moradores do cortiço são estereótipos dos moradores do Rio de Janeiro, principalmente a população pobre e nenhum tem grande profundidade. São pessoas sempre simples, que buscam a sobrevivência, aproveitar o que podem da vida. O cuidado da prole, os problemas com a falta de rendimentos e a ajuda dos seus em momentos de dificuldades.

Mas temos um personagem principal. A história de São Romão, dono do pequeno cortiço, de uma taverna e uma pedreira (essa tem menos participação na história, mas aparece em casos específicos e bem complicados). Romão, imigrante português veio ao Brasil para "ter uma nova vida" é o típico classe média que sonha com a burguesia (aqui a corte) e que explora o quanto pode tudo e todos. Em alguns momentos de seus sonhos ele ainda se vê retornando a Portugal com algum título da corte e usufruindo desse benefício. Onde eu já vi algo assim?

A "jornada" de Romão é sua evolução como comerciante. Dono do cortiço usa das lavadeiras, na taverna usa de subterfúgios sempre que possível para ter vantagens sobre clientes, caixeiros ou quem esteja por lá no momento, inclusive Bertoleza, uma escrava que ele engana apresentando uma carta de alforria, passa a viver com ela como "esposa", mas na primeira oportunidade volta a engana-la e entrega a seu dono e na pedreira, faz o que for necessário para melhorar o rendimento na extração de pedras sem que haja algum cuidado com trabalhadores.

Disposto a qualquer coisa para essa evolução social e para isso a gentrificação e o abandono de tudo o que foi em detrimento de uma posição na corte o transforma. Ou seria que apenas mostra sua real essência?

Mas tudo isso nos é apresentado sem julgamentos, não há avaliação moral sobre as atitudes dos personagens, eles apenas o são dessa forma e se aproveitam de oportunidades que a sociedade entrega.

O julgamento, no meu entender, deve ficar a cargo do leitor.

Não tenho muito mais o que dizer, apenas um retrato da sociedade brasileira, ainda muito atual de como estamos dispostos a ter apenas o benefício pessoal como objetivo.

Abraços a todos e boa leitura.

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