O "Epifanias" foi uma antologia lançada pela Editora Andross em 2019, juntamente com mais outros seis títulos. Destes sete, eu li ao todo, quatro. Escrever sobre esse livro me gera sentimentos confusos, pois eu sou ao mesmo tempo leitora e autora da coletânea.
O livro tem, sim, bons contos e bons autores. Inclusive, estar nessa publicação me permitiu conhecer e estreitar relações com autores fantásticos, que realmente tem talento com as palavras, como: Carina Martins, Renato Coimbra, Trycia Mello e Murillo Lino.
Contudo, dentre os 60 contos publicados, diversos pareciam bastante amadores. Bastante mesmo. Havia neste meio contos com estrutura de posts em blogs, um mero resumo de outro livro, relato de fatos históricos, que não apresentavam uma interpretação original sobre os assuntos. Outros contos simplesmente não tinham a menor graça ou qualquer outro tipo de interesse, eram só histórias contadas sem desenvolvimento de emoções, sem apelo e sem talento. Fomos premiados também com pitadas de transfobia e um texto que falava sobre depressão sem a menor empatia com a pessoa depressiva (esse me deixou particularmente triste, pois passei por depressão). Inclusive um dos contos narrava a experiência do autor no evento de lançamento da coletânea do ano anterior, onde ele descaradamente puxava o saco do dono da editora, numa rasgação de seda sem precedentes. Em outra antologia, havia um texto com romantização de zoofilia. Os contos medianos possuíam boa premissa, mas foram desenvolvidos com pressa, sem a cadência necessária, interrompidos abruptamente.
Uma explicação para esse fato é que a Andross trabalha com um esquema de publicação cooperativa: os autores escolhidos devem pagar uma cota referente ao intervalo de caracteres que possuem os contos para terem seus trabalhos publicados. Essa dinâmica acaba comprometendo o trabalho dos dois lados: de um lado o autor quer desenvolver sua história da forma mais curta possível, para pagar menos (muitas vezes não consegue com o espaço disponível no seu bolso), do outro lado, o editor quer cooptar o maior número de autores para a publicação, para maximizar seus lucros.
A verdade é que eu não gostei do trabalho apresentado, nem na minha coletânea, nem nas demais que li. O livro Madrepérola, coletânea de poesias, me pareceu ter sido a única exceção, onde o critério para escolha das poesias foi de fato a qualidade dos textos. A dica é que se você for publicar, dê uma olhada nos trabalhos prévios da editora escolhida. Pode ser que você mude de ideia.
0 comentários:
Postar um comentário
O blog continua com a sua opinião.
Já conhecia o livro? O que achou dele?
Não tinha ouvido falar desse título ainda? Deu vontade de ler, certo?
Deixe seu comentário, isso faz o blog viver!
____________________________________________
Queremos uma interação maior com nossos leitores, por isso não aceitamos mais comentários anônimos.
Clique em increver-se por e-mail, assim será avisado sempre que um comentário for deixado na postagem. Uma pode ser a resposta para você.
Se quiser entrar em contato de maneira mais rápida, vá ao nosso Formulário de Contato.
Para parcerias leia aqui antes.