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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Esaú e Jacó - Machado de Assis

Em "Esaú e Jacó", Machado nos relata as vidas desde o ventre de dois irmãos gêmeos idênticos: Pedro e Paulo. Após uma gravidez conturbada, a recém-mãe dos gêmeos, tomando todas as precauções exigidas por uma dama da sociedade, fora a uma vidente consultar a respeito do futuro dos seus rebentos. Saiu de lá com apenas uma promessa de seriam grandes homens e que "cousas boas eram esperadas". Nota da autora do post: desde que li o livro não consigo mais falar "coisas". Adicionei o "cousas" ao meu vocabulário cotidiano.

A infância e adolescência dos irmãos é retratada em meio à agitada vida social da família, nas mais altas classes da sociedade carioca do Império. Desde sempre, fica claro ao leitor que, apesar de gêmeos idênticos, Pedro e Paulo têm personalidades quase opostas. Um é combativo, outro pacificador. Na fase adulta, um se torna médico, outro advogado. Na política, um é conservador e outro revolucionário.  E na época retratada da história, quando da dissolução do Império e da proclamação da República, esta última distinção não foi apenas causa de rixas entre os irmãos, mas de verdadeiros entraves entre a tradicional família e a sociedade carioca.

Com o passar dos anos, vemos que a similaridade entre os dois passa a não se restringir apenas ao campo físico, pois começam a amar também a mesma mulher. Flora, uma jovem retratada como confusa e dissimulada, não consegue se decidir qual dos irmãos ama mais, pois vê em um tudo o que falta no outro, e vice-versa.

Li alguns comentários de que essa obra de Machado deixou a desejar, pois o enredo é bastante batido. Vejam, nem tem como discutir esse ponto. O próprio título do livro faz referência a uma história bíblica de dois gêmeos que também travam batalhas entre si em busca de amor e aprovação. Mas o que mais me fascina nas obras de Machado de Assis não é o enredo das histórias, é a narrativa. Muitas vezes, o autor usa o narrador como um personagem, tão importante quanto aqueles dos quais as histórias ele relata. Se utilizando da não onisciência do narrador, Machado nunca deixa certeza sobre o que de fato aconteceu ou o que as pessoas sentiram, deixando a cargo do leitor interpretar apenas os sinais e expressões captados pelo narrador. A irreverência das suas obras é gigantesca e envolvente. Sou muito fã do Machado, essa é só mais uma obra que li e amei.

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