Um homem acorda e não há nada no seu apartamento, nem mesmo seus parcos móveis. Ele está nu, suas roupas estão num canto da casa, e onde está seu gato Júpiter? Veste as roupas e encontra dentro do bolso da calça um bilhete com um endereço. Sai pelas ruas buscando alguma pista do que acontecera. Vai à faculdade, porém não existem mais registros da sua matrícula. Vai às casas de seus pais e amigos, mas todas estão fechadas e abandonadas. Não há mais o que fazer para tentar entender sua nova realidade, a não ser ir para este endereço que está no bilhete e enfrentar o que estiver por vir. Neste endereço tem uma casa.
Essa casa tem uma arquitetura bizarra por fora, parece que não se sustentaria sozinha, e uma ainda mais bizarra por dentro, pois muda a cada vez que você passa por uma porta. É uma casa impossível. E seus familiares e amigos estão todos trancados lá dentro.
Na sua jornada por dentro da casa, o protagonista vive a cada esquina uma situação mais inóspita que a anterior. Revive pesadelos de infância, encontra seres assustadores e assiste uma ou outra pessoa amada morrendo. Mas nem tudo é ruim. Ele também encontra aliadas, que o dedicam compreensão, carinho e o incentivam a continuar sua jornada pela casa, de forma a vencer os seus medos mais profundos e resgatar suas relações.
A Casa é uma viagem para dentro de si mesmo e, como não poderia deixar de ser, me fez viajar para dentro de mim. Murillo Pocci tem uma escrita tão realista que em muitos momentos eu me peguei com o coração acelerado, como se estivesse eu mesma vivenciando um pesadelo. O autor utilizou de analogias perfeitas para nos contar um pouco sobre uma fase tão sombria da sua vida, onde teve que lutar contra uma depressão que destruía a si mesmo e aos mais próximos de si. A escrita é delicada e aos poucos vai revelando o que são essas analogias, não sendo um soco na cara (ou gatilho) para aqueles que vivenciaram ou vivenciam depressão. Aliás, quem infelizmente passou por isso consegue identificar com mais clareza as analogias do livro, bem como os sentimentos por trás da trama, as consequências de deixar nossos medos se retroalimentarem e crescerem, as sensações sufocantes das crises de ansiedade e pânico.
Apesar de parecer uma viagem a um passado horrível, A Casa, na verdade, é um livro lindo e encorajador para aqueles que vivenciam depressão. A mensagem otimista ao final mostra que é possível, sim, passar por momentos ruins na vida, mas sair dessa situação, e a sensação é de como se você finalmente tivesse conseguido colocar a cabeça para fora da água, depois de muito tempo quase se afogando.
Sabe, poucos foram os livros que conseguiram me fazer chorar. Esse foi um deles. Eu recomendo com todas as minhas forças.
Sabe, poucos foram os livros que conseguiram me fazer chorar. Esse foi um deles. Eu recomendo com todas as minhas forças.
1 comentários:
Aí, eu tô bobo com essa resenha! Muito obrigado pelo carinho e por toda a atenção e todo o carinho com essa leitura! E receber isso tudo de ti é uma tremenda honra! Ganhei o dia 🥰
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