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sábado, 12 de setembro de 2020

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
Descobri esse livro num vídeo da Rita Von Hunty sobre o perigo que seria dificultar o acesso de todos aos livros. E convenhamos que do jeito que tá já não é algo acessível.

Dito isso, vamos à história.

No geral a coisa é bem simples, estamos numa época em que simplesmente não existem mais livros a disposição. Não só isso, é proibido possuir, andar com eles pela rua ou ler. Não importa onde. 

O que acontece com quem os tem? Quando descobertos os Bombeiros vão à casa desse indivíduo e queimam os livros, possivelmente a casa e a pessoa é presa. E você não leu errado, quem faz isso são os bombeiros. Você acabou de pensar "mas eles não apagam o fogo?". Bem, aqui as edificações possuem um revestimento anti-combustão e acabou a necessidade de apagar o fogo nas cidades, mas alguém precisa garantir que os livros queimem. Não me surpreende que sobre para os Bombeiros, mas divago.

Vale dizer também que além de não termos livros, as pessoas estão tão entretidas com televisores. Não são apenas um em suas salas, mas até 4 com programações interativas. O espectador participa dos programas como se estivesse entre "familiares". Tão louco que quase posso dizer que já exista.

Nosso personagem é Guy Montag, um bombeiro padrão-exemplar (tem que ser, né) que está bem confortável com seu trabalho e a realidade em que está inserido. Mas isso muda quando ele conhece Clarisse, a nova vizinha que adora passear e conversar.

Clarisse passa a questionar Montag sobre sua profissão e como a sociedade interage, ou não, ficando apenas na frente dos televisores e sem manter mais relações, conversas... De repente Clarisse desaparece e todos os questionamentos que ela fez a Montag começam a atormentar nosso bombeiro modelo.

Como é de se esperar Montag começa a questionar tudo o que ele faz, porquê o faz e quais os motivos de terem chegado a esse ponto. As coisas pioram quando durante uma queima de livros a dona dos exemplares prefere morrer queimada a ser presa e ficar sem suas escrituras. Montag não entende o que pode ter de tão especial naqueles papéis que faça alguém tomar tal decisão.

A história segue com Montag dando um jeito de ter acesso a livros, os lê e começa a se questionar sobre a proibição do acesso e a escolha pela queima. Essas respostas são apresentadas pelo seu superior, Beatty.

As pessoas escolheram, elas preferiram não terem que contestar ou até mesmo serem incomodadas com questionamentos. Querem apenas viver felizes sem serem incomodadas com questões filosóficas.

Não se pode dizer que Montag saiba exatamente o que está fazendo ou o que acontece com ele, mas ele entende que os livros tem um poder excepcional sobre as pessoas e que não faz sentido não podermos acessá-los. Os livros tem que ficar disponíveis e as pessoas terem acesso. Montag está disposto a colocar em risco sua vida pacata e confortável para possibilitar isso.

Montag termina sua jornada como um foragido, um andarilho. A descoberta do seu interesse pelos livros fez sua esposa o abandonar, sua casa ser queimada. Ele foge e conhece outros que como ele tem seu amor pelos livros e adotam como missão memorizá-los para passá-los adiante, esperando o momento que todos voltem a entender a importância dos livros e voltemos a ler.

Ao terminar a leitura fico com alguns incômodos.

No momento em que destruímos os livros acabamos com a possibilidade do acesso ao conhecimento, ao questionamento e ao processo de descoberta. Passamos a ter apenas uma parte da versão ou apenas um lado que torne tudo "mais agradável".

Claro que pode-se dizer que há o risco de não sabermos diferenciar, mas é com a leitura do diferente que conseguimos desenvolver a capacidade de interpretação e desenvolver nosso entendimento sobre as coisas.

Outra motivação na história para a destruição dos livros seria o fato de que sempre teremos algum texto que incomoda a alguma parte da sociedade e essa quer fazer esse livro ou ideia desaparecer. Ao darmos essa possibilidade todos os livros se vão. Bem, não seria essa uma falsa simetria? Não seria o paradoxo da tolerância?

É preciso que questionemos visões de mundo e da sociedade em busca de algo melhor para todos de forma a garantir a liberdade e o direito aqueles que até hoje estão marginalizados, seja qual for o motivo e usar esse incomodo que é gerado na sociedade para que a mudança ocorra como desculpa não seria simplesmente manter as coisas como estão? Manter as coisas confortáveis apenas para quem já está confortável?

Acredito que nossa função aqui seja tornar o mundo melhor para todos, não mantê-lo agradável para aqueles que sempre estiveram confortáveis. E mudanças geram algum desconforto em quem já está bem sobre os outros.

Abraços e boa leitura.

2 comentários:

Morgana Lima disse... [Responder comentário]

Adorei o comentário, me instigou a leitura.

Pedro Dal Bó disse... [Responder comentário]

@Morgana Lima, que bom que ficou com vontade de ler.
Essa é também parte da ideia por aqui.

Mas depois venha dizer o que achou.

Boa leitura.

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