Já havia mencionado a capa deste livro em outro blog e o resultado foi: acho medonha. Morro de medo desse menino com cara de bicho e preferia que ele não estivesse em capa nenhuma! Ainda assim, precisava ler este livro, que ocupou por algumas semanas algum lugar nas listas de bestsellers e que agora já vai virar filme. Consegui a versão em ebook, assim não preciso ficar olhando para ela! Tenho opiniões dúbias sobre o livro, mas, antes, preciso contar sobre o que ele se trata.
Kevin é um adolescente responsável pela morte de onze pessoas no colégio. Um daqueles surtos"Columbine", que virou moda uns anos atrás. "Precisamos falar sobre Kevin" é formado por cartas escritas pela mãe do menino endereçadas ao pai, em que conta a história desde o princípio, antes do nascimento do filho assassino até a fatídica quinta-feira em que tudo aconteceu. Nas cartas, a mãe tenta reconstruir a história para encontrar onde foi que ela errou ou quando ela poderia ter impedido a catástrofe, ou, ainda, se valia a pena impedir qualquer coisa, já que Kevin parecia fadado à violência de qualquer forma.
Até aí tudo bem. A narrativa é ótima, o livro é bem escrito, a forma de dividir os capítulos em cartas caiu muito bem na história e o modo de aparecer com uma ou outra informação crucial a cada carta, dando forma à quinta-feira, caiu como uma luva. O meu problema é com Kevin.
Kevin é um menino estranho desde antes de sair do hospital, ao nascer. Ele assiste ao Weather Channel, ele não gosta de nada, não gosta de ninguém, tem instintos assassinos desde bebê, recusou o leite materno de propósito, chorava com menos de dois anos de idade com a única intenção de irritar a mãe, era dissimulado com o pai desde antes de começar a falar, fingia que não sabia falar quando já havia aprendido, coisas estranhas aconteciam quando Kevin estava por perto, tudo era "besta" e tudo era respondido com "whatever...". Jura? Existe serial killer mais estereotipado que Kevin? E existe pai mais cego que o de Kevin? Porque um personagem desses só faltava segurar uma plaquinha escrito "assassino em potencial", o que me pareceu muito pouco crível. Se todos os serial killers fossem tão previsíveis assim, não teríamos tantos assassinatos em série nas escolas, por isso achei muito pouco provável que só uma pessoa tivesse percebido que esse garoto ainda ia acabar na prisão.
O livro de Lionel Shriver é ótimo e merece ser lido, mas gostaria muito que ele tivesse criado um personagem um pouquinho mais misterioso, que fizesse você realmente querer saber "porque" ele fez aquilo. Embora a mãe se pergunte isso o tempo todo, para o leitor a resposta é óbvia (e, no fundo, para ela também): porque o personagem prometia isso desde o começo do livro. Não que seja um segredo. A história já começa contando sobre o assassinato, mas Kevin era um bebê estranho demais para ser normal!
A trama tem uma ou outra surpresa e uma "grande" surpresa que não é tão grande assim (pelo menos eu já imaginava desde o começo do livro). De qualquer forma, acho que vale a pena pela forma e pela narrativa. Antes de ler eu tinha medo de ter um toque autoajuda, mas não tem. E quanto à capa, não entendi a ligação além de colocar uma imagem estranha para representar um adolescente estranho - uma espécie de referência a um "outsider". Mas o Kevin do livro não tem nenhuma relação com a imagem medonha que vai povoar os seus próximos pesadelos.
4 comentários:
MEDO!
Eu adorei o livro, é um dos meus preferidos, e até fiz review: http://cultmeplease.blogspot.com/
Agora..saindo do merchan..
Eu não acho que era tão óbvia assim a psicopatia de Kevin..Era óbvio que ele tinha algo de diferente, mas o pai dele não queria nem enxergar isso, quanto menos que ele se tornaria um assassino. Acho que por ser a narradora, temos a perspectiva de Eva que em cada detalhe via algo, mas ainda não entendia muito o que cada sinal significava, além de ter algo errado com seu filho. Depois que tudo aconteceu, os fatos tornaram-se mais claros e difíceis de contestar, e assim como para ela enquanto revisava os fatos, para nós também parece tudo muito evidente.
Adorei ter encontrado o blog..Visitarei mais vezes.
Parabéns.!
Juro, que acho essa capa sensacional
Carol,
Sou estudante de literatura brasileira e francesa e pretendo me especializar em literatura comparada - assim, cinema é minha segunda paixão - e tenho grande preconceito com best-sellers sim, o que torna meu campo de leitura mais pobre - talvez!
Não li o livro em questão, mas assisti ao filme essa semana e fiquei perturbada com o "quê" de humano que tirei da arte cinematográfica - sem análise de roteiro adaptado, fotografia, atuação - apenas a história com a possibilidade de realidade.
Algum amigo me falou que era um fato verídico, então, baseada no filme, em que ele mata o pai e a irmã antes do assassinato na escola, fiquei muito chocada com a persona desse adolescente e com a permanência da mãe ao lado dele após o ocorrido - daí cheguei no blog e no teu post.
Vou comprar o livro o quanto antes, assim que ler volto aqui para comentar, mas o que queria compartilhar de fato, é a questão capa - na primeira vez que vi o livro na estante da livraria fiquei curiosa justamente pela capa/título.
Combinação perfeita com a fotografia, mesmo com tema sugerido, pode ser interpretado como muita coisa - pode nos levar até a visão mais simples, a menos caótica, de que o comportamento de crianças nem sempre são entendidos, não há ligação direta com a monstruosidade, e sim com o desconhecido na mente dos pequenos - nem todos apresentam sinais da personalidade, algo justamente nessa fase está sem criação.
Volto aqui para comentar.
Abraço!
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