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sexta-feira, 5 de março de 2021

Laranja Mecânica - Anthony Burgess

"Laranja Mecânica" é uma distopia clássica. Na sua realidade, jovens entupidos de drogas se reúnem à noite para tocar o terror nos cidadãos da cidade, que simplesmente estão ali a cuidar de suas próprias vidas. Espancam, roubam e humilham pessoas na rua, invadem casas, destroem os pertences, estupram. A chamada ultraviolência. O clima de medo entre os cidadãos é elevado, e a repreensão da polícia aumenta em igual proporção.

Alex, nosso protagonista e narrador, é um desses jovens. Apesar de no filme ele ser retratado como um adulto, Alex é um adolescente de 14 anos no livro, que ainda frequenta o colégio. Apesar de ter uma família amorosa, um lar quente e comida no prato todos os dias, se revolta sei lá com o que. Todas as noites se junta com o seu clã de marginais, consome drogas dissolvidas no leite e sai às ruas para infernizar a vida dos outros. Lendo com só um pouquinho mais de atenção, fica muito claro que Alex é um jovem confuso e bobão, sem autoconfiança e que, por isso, precisa se reafirmar o tempo todo. Por conta de uma disputa de poder entre os membros do clã de ultraviolência, ele é detido pela polícia. 

Após alguns anos detido, ele é escolhido para um novo tratamento, que promete curar os jovens dessa necessidade de ser violento. Este tratamento é uma lavagem e condicionamento cerebral, que associa comportamentos e necessidades violentas com extrema dor. Então é liberado de volta para a sociedade. E, tanto ele, quanto a sociedade, têm que aprender a conviver nessas novas circunstâncias.  Aí começa o questionamento de até onde nós, como sociedade, temos que ir para "curar" uma pessoa do mal que existe dentro dela? O quanto temos que tirar de sua humanidade para que ela se encaixe no que esperamos? E o quão humano da nossa parte é fazer isso?

Eu devorei Laranja Mecânica em um dia e meio. A linguagem "Nadsat", usada por Alex em sua narrativa, foi inventada por Anthony Burgess baseada em idiomas eslavos. No começo, pode atrapalhar um pouquinho a fluência da leitura, justamente porque os jovens a utilizam o tempo todo. A minha dica é de não ficar parando para conferir o significado de todas as palavras no dicionário anexo, senão você não avança uma página por dia. Tente entender o significado das palavras pelo contexto, e só consulte o dicionário caso você realmente não tenha entendido. Uma observação importante é que a versão original do livro não tinha o dicionário e, pelo prefácio, o próprio autor condenou a versão americana que o incluiu pela primeira vez. Os objetivos de Anthony, logo se vê, não eram de facilitar a nossa vida, mas de criar desorientação sobre o universo que ele criara.

À parte disso, achei a obra bastante interessante (tanto que li muito rapidamente), mas de certa forma não me cativou tanto quanto os demais livros distópicos lançados na época. Atribuo a isso o fato de o personagem principal ser um verdadeiro de um cuzão, então foi difícil ter empatia. Alguns trechos do livro, inclusive, me levaram a crer que ele tinha algum desvio de personalidade sério, algum problema psiquiátrico, pois se regozija vendo as pessoas sofrerem. Várias vezes ele narra o sangue das suas vítimas escorrendo como algo lindo de se ver. 

De toda forma, trouxe reflexões e despertou diversas emoções diferentes, não só em mim, como em toda uma geração de pessoas. Acho que é para isso que livros servem.

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