O Sol é para Todos - Harper Lee

Em O Sol é para Todos, um clássico escrito por Harper Lee na década de 60, uma menina de 7 anos descreve as aventuras de verão e demais histórias que se passam em torno da sua família, os Finch. 

Morando em Maycomb, uma cidade fictícia no Alabama, sul dos EUA, seu pai, o advogado Atticus, é encarregado pela justiça a defender Tom Robinsom, um negro acusado de estuprar uma branca da classe trabalhadora. Sua narrativa vai aos poucos passando das ingênuas e gostosas travessuras e histórias que inventava com seu irmão Jem e seu amigo Dill a respeito de um misterioso vizinho que nunca saía de casa, a tentar compreender a hostilidade consigo e seus familiares que de repente surgira por parte dos tradicionais cidadãos da cidade. 

A autora conseguiu de forma maravilhosa passar a ingenuidade nas palavras e nas filosofias de Jean Louise, a escoteira, fazendo-nos sair do modo automático e voltar a questionar tudo aquilo que realmente não faz sentido numa sociedade: por que algumas pessoas são vistas e tratadas de forma diferente das demais? Não somos todos pessoas? Não nascemos todos sem saber ler? Então por que será que algumas pessoas são ditas como inferiores por ainda não terem aprendido?

Em 1960, Harper Lee criticava a sociedade veladamente em castas dos EUA, a ideia de mérito , privilégio social e direito a certas posições. O seu título em inglês, ao meu ver, revela muito mais sobre a delicadeza da trama do que o título em português. Matar um  pássaro-trocista se revela um verdadeiro pecado. Nunca tendo feito mal a ninguém, você o mataria apenas pelo prazer de ver morrer um animal?